Um Desabafo sobre a Indústria da Moda
- Tamires Moreira
- 25 de ago. de 2015
- 2 min de leitura
Eu raramente utilizo o Blog para desabafar sobre algo. Mas, agora eu preciso compartilhar minha frustração.
Desde os tempos de faculdade presencio a enorme dificuldade que minhas amigas e colegas passam para conseguir seu estágio ou primeiro emprego na área. Muitos reclamam que as empresas exigem que o aluno tenha já alguma experiência na área (mas ainda somos alunos, aprendizes, como esperam que tenhamos alguma experiência sem antes nos dar a chance de aprender no próprio trabalho?) ou querem nos pagar uma miséria (as vezes, absolutamente nada) para que trabalhemos, muitas vezes, mais do que 8 horas de trabalho.
Ok, até aqui ainda é compreensível que tenhamos que passar por muitos sacrifícios e ralar para progredir na carreira, afinal somos novos, ainda estamos iniciando nossa vida profissional e devemos começar humildemente por baixo para chegar ao topo. Não estou dizendo, de modo algum, que devemos já iniciar em um cargo alto, muito pelo contrário, pois ainda não temos experiência.
Entretanto, o que realmente me frustra nesse ramo é o fato de termos que levar, ao extremo, a aparência em conta. Em muitas entrevista de emprego cansei de ver que uma das exigências para um tal cargo na área de moda era ter: 1 - Boa aparência; 2 – Usar, no máximo, manequim 38.
Nós passamos 4 anos de nossas vidas dedicados a faculdade, nos matando de estudar, abdicando da vida social, gastando horrores com materiais caríssimos, para que no final perdêssemos uma vaga de emprego por não ser alta, magra ou bonita o suficiente de acordo com os padrões da empresa? Onde entra as qualificações profíssionais que tanto nos falam como inteligência, profissionalismo, dedicação...?
Durante todos os meus anos de faculdade tive matérias que muitos nem imaginam que tenhamos estudado (marketing, psicologia, sociologia, antropologia, gestão financeira, gestão empresarial, matemática, química, entre outras), aprendi também a importância da diversidade, do quanto é precioso a personalidade de um ser humano, que cada um carrega um mundo riquíssimo de bagagem cultural dentro de si e que moda NÃO É somente roupa e sim tudo o que está ao nosso redor, é a nossa identidade, é cultura. E que, como dizia uma querida professora: "Um profissional de moda, é antes de tudo, psicologo, antropólogo, filósofo, artista, administrador...". Aprendi tudo isso, para que, posteriormente, empresas do ramo viessem e me jogassem na cara toda a futilidade que lutamos para combater referente a este setor.
Se as empresas acham que é muito mais importante ter funcionários com roupas de marca do que pessoas com um currículo exemplar... Bom, então acho que todos os meus esforços (e de muitas pessoas que conheço), para mostrar que moda não é sinônimo de futilidade, foram em vão. Lamentável.

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